CRE

História do logotipo do CRE – “Mãos postas”

 

Dona Alice Jacobsen do Rego Lins, uma das fundadoras do CRE , nos conta…

“Há vinte anos, recebi no Natal uma linda chapa de cobre representando mãos postas em prece, presente de uma amiga, companheira da 21ª turma de Aprendizes do Evangelho da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Quando terminou o curso, cada um deveria escolher um trabalho assistencial ao qual se dedicasse.

Muitas noites passei olhando esse quadro em meu escritório e, cada vez mais, sentia a cobrança de meu compromisso ainda não cumprido.
Resolvi, portanto, um dia, convocar algumas companheiras de ideal Espírita, para formarmos um grupo de estudos e de assistência espiritual às mães sofridas que teriam perdido os filhos muito jovens.

Dali nasceu um pequeno e singelo Centro, que após 10 anos de luta, transformou-se neste que tanto amamos – o “CRE”.
No hall de entrada foi colocada aquela chapa de mãos postas, dando o sentido real de nossa Casa.

Recentemente, no dia em que resolvemos fundar esta revista, qual nossa surpresa quando a mesma amiga, que desconhecia nossa decisão, como que por “acaso”, nos traz uma velha revista Espírita e nos mostra a história das tais mãos!”

A obra “Mãos em Oração” também conhecida como “Mãos que Oram”, é uma gravura de Albrecht Dürer que o artista criou em uma homenagem que ele faz ao irmão Albert, desenhando suas mãos em postura de oração.

Conheça a história dessa obra, como segue resumidamente aqui:

“Numa aldeia perto de Nuremberg, na Alemanha, vivia uma família com 18 filhos, um desses filhos era o futuro artista, Albrecht Dürer.
A fim de garantir a comida à mesa para aquela multidão, o pai e cabeça do lar, um ourives de profissão, trabalhava quase dezoito horas por dia no seu comércio e ainda fazia qualquer outro trabalho remunerado que pudesse encontrar na vizinhança.
Albrecht tinha um irmão, de nome Albert, sendo que os dois gostavam de pintar e apresentavam habilidades naturais, que desejavam estudar e aprender técnica para se aperfeiçoarem.
A família Dürer era, contudo, muito pobre e sem possibilidade de dar estudos aos dois. Então, os irmãos discutiram o assunto entre si e decidiram pelo que acharam ser uma boa solução, aliás a única, que um dedicar-se-ia ao estudo, enquanto o outro ficaria a trabalhar nas minas de carvão, para custear a preparação artística do outro.
Após terminarem o combinado, o irmão que ganhasse na sorte e a quem coubesse ser o primeiro a estudar, manteria então os estudos do outro. Assim foi feito. Tiradas as sortes, coube a Albrecht o estudo, enquanto o irmão Albert ao trabalho duro das minas.
Com uma aprendizagem adequada, Albrecht criou trabalhos que lhe deram grande fama e proventos consideráveis, superando os seus mestres. Então, não repudiando o acordo que com Albert fizera, propôs ao irmão que fosse também estudar, que ele, Albrecht, pagaria as despesas. Albert, porém agradeceu ao irmão o respeito pelo compromisso assumido, mas declinou a oferta com a alegação, verdadeira, de que os quatro anos passados nas minas lhe teriam provocado infelizmente uma forte artrite que causou uma visível deformação nas mãos, o que o deixou incapaz de cumprir o sonho de ser um artista como o irmão. Mesmo assim, não se sentia triste com a situação, ao contrário, seu sacrifício ajudou a tornar o irmão em um artista renomado, sentia orgulho por isso.”

“Cada noite deveríamos juntar nossas mãos para agradecer à bondosa Providência. Não equivale cada dia a uma pequena vida? Não é cada noite símbolo da morte e cada aurora o começo de uma nova vida, novas esperanças, novas tentativas e, talvez, de nova miséria?
Cada noite, de mãos postas, deveríamos agradecer ao Eterno Pai pela proteção bondosa”.
(Fonte: https://arteeartistas.com.br/maos-em-oracao-albrecht-dure)

“Belíssima história de uma verdadeira amizade! Não podemos nos furtar de lembrar que esta extraordinária e famosa tela, entra em nossa vida de forma tão linda e, que se por ventura, não teve outro sentido durante séculos, ao menos na entrada do 3º milênio está sendo revivida, como um inesquecível gesto de gratidão. Reforçamos a ideia do autor de homenagear uma amizade verdadeira, trazendo agora a público a lembrança do amigo que, mesmo anônimo para a história das artes, deu nascimento a um núcleo Espírita, de portas e braços abertos para receber corações carentes, assumindo, portanto, sentido muito mais amplo do que se aquelas tão calejadas mãos houvessem manejado apenas pincéis!”  (1996 – Revista do CRE – Alice Jacobsen do Rego Lins)