Eladír J. Granetto

Algumas pessoas me perguntam sobre o surgimento do CRE – Centro de Renovação Espiritual. Com o intuito de preservar sua memória e como um dos fundadores, contarei um pouco da sua história.

No início de março de 1979, minha esposa Etel recebeu um telefonema da D. Alice, da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

Soube que ela era professora de doutrina na Federação Espírita, onde alguns jovens, seus alunos, haviam formado o “Grupo Caritas”. O objetivo da iniciativa era angariar alimentos, roupas usadas e objetos úteis, para entregá-los a entidades espíritas que cuidam de necessitados.

Ficamos de nos encontrar, mas no mesmo dia faleceu o professor Herculano Pires. Alguns dias depois, agendamos outro encontro em minha casa. Foi quando nos conhecemos. Ela residia em Higienópolis e eu morava no Alto da Moóca.

As reuniões aconteciam em minha casa, que possuía uma ampla sala, calma e tranqüila, onde estabelecemos planos de assistência social para o Grupo Caritas. Foi quando surgiu a idéia de abrirmos um Centro Espírita no local. Lá, não atendíamos o público, mas prestávamos assistência, por meio de psicografia e vidência, à pessoas carentes de um conforto espiritual. Funcionava assim: as pessoas expunham por carta seus problemas e os espíritos, por psicografia, orientavam. Por fim, alugamos uma caixa postal para as cartas consultas serem remetidas.

O local recebeu o nome de CREE – Centro Reformador Espiritual Evangélico. Várias entidades presentes eram comandadas por um espírito que assinava apenas “Pio”, apresentando-se aos videntes vestido como franciscano. Com o tempo, e pelo fato de “Pio” ser muito singelo, acrescentou-se o título de Mestre, pelas suas maravilhosas orientações. Também eram emitidas, aos consulentes, mensagens evangélicas, sempre acompanhadas de um roteiro para o Evangelho no Lar.

As reuniões aconteciam todas as semanas à tarde, e compunha a mesa de trabalhos, D. Alice, minha esposa Etel, Regina Silva, Elza Guterez, Maria Conçeição, Vera Dubugras, Marita e, como secretária, a Debbie. A cada semana crescia o número de trabalhos, como os espíritos haviam prognosticado. Recebemos cartas até do Exterior.

Após dois anos de trabalhos, apareceu a oportunidade de alugarmos um imóvel na Rua Augusta.

Alice, Etel e eu avaliamos e aprovamos o local. Tinha um corredor na entrada e nos fundos algumas saletas, com divisões de madeira separadas por um corredor. A primeira idéia que surgiu foi retirar a divisória de uma das salas para comportar umas 40 pessoas. As outras serviriam para câmara de passes, orientação e guarda de material. Fechamos o negócio do aluguel do imóvel em fevereiro de 1982. A Alice incumbiu-se da arrumação, pintura e de todos os demais detalhes.

Para a inauguração foram convidados os amigos espíritas e o professor San Marco, que foi professor de doutrina da Alice, e logo, eleito nosso patrono espiritual. Foi um dia muito festivo, com alegria nos dois planos. Além dos trabalhos de orientação, psicografia e passes iniciou-se também as aulas e palestras evangélicas. Foram dias de muito trabalho.

Em seguida passamos a vender livros espíritas, e contávamos também com uma biblioteca circulante. Além da pequena contribuição de todos, Alice produzia objetos para vender em um pequeno bazar localizado na entrada. O objetivo era angariar fundos, o necessário para a manutenção do Centro. As contas bancárias ficavam no meu nome em conjunto com a Alice.

A freqüência de assistidos aumentava, e em 1985 oficializamos o Centro, elaborando um Estatuto, do qual eu me incumbi, devido ao meu conhecimento nesta área. Reunimos 24 pessoas e realizamos uma Assembléia Geral. Em 1º de maio de 1985 constituímos o CRE – Centro de Renovação Espiritual. Eu assumi como presidente, a Alice como secretária, e a Etel como tesoureira.

O nome CRE surgiu porque, em uma reunião, a Etel, ao concentrar-se, foi levada a um lugar no espaço onde lhe foi mostrado um salão muito bonito, e uma placa na entrada com o nome CRE – Centro de Renovação Espiritual, que era quase igual ao nosso. Achamos que, de fato, Renovação Espiritual já dizia tudo, e a sigla CRE era bem sugestiva.

No inicio de 1985, D. Rosemeire, proprietária do imóvel onde se localiza o CRE desencarnou, e os herdeiros o colocaram à venda. Neste momento surgiu a oportunidade da sede própria. O vizinho do conjunto dos fundos, Dr. João Maximimo Ferreira, também colocou à venda seu imóvel, e nós nos propusemos a adquirí-lo, embora sem dinheiro, naquele momento.

A propriedade também era composta por várias salas que deveriam ser desocupadas pelos inquilinos, o que ocorreu aos poucos. Em meados de julho, estávamos com um salão e metade do outro. Aproveitamos as férias para pintar o imóvel. No início de agosto foi inaugurada oficialmente a sede própria, e todos os trabalhos passaram a ser feitos nela.

Em 1986, o local estava totalmente desocupado pelos antigos inquilinos, as reformas e adaptações concluídas, e os empréstimos feitos para a compra dos conjuntos estavam quitados.

Alice trouxe da Federação Espírita, em 1986, Dona Yeda Guerra, que implantou mudanças nos trabalhos, baseados na Federação. A freqüência aumentou ainda mais. Yeda permaneceu no CRE até 1990, quando se retirou para abrir o seu próprio Centro.

O Grupo Cáritas teve duração breve, mas as visitas às creches, orfanatos, asilos continuaram, principalmente por mim e minha esposa. Em 1992, Alice uniu-se com algumas pessoas da Federação que ajudavam os desabrigados, para criar a Patrulha da Madrugada.

No inicio de 1994 surgiu a idéia de editar uma Revista do CRE para ampliar a divulgação da Doutrina. O primeiro número foi lançado no fim daquele ano, com artigos, notícias e demais matérias da lavra de freqüentadores e espíritas conhecidos, mas revisados pela Alice.

Em 1995 os herdeiros de D. Rosemeire colocaram à venda o conjunto da frente, onde iniciamos nossas atividades. Naquela época não tínhamos recursos. O então vice-presidente, Sr. lrani Ferreira da Silva, comprou-o em seu nome próprio e nos locou por um valor simbólico. Alugamos as salas ao lado, e o conjunto da frente passou a ser usado pelo CRE, onde hoje são feitas as orientações, o passe espiritual e as palestras evangélicas.